quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Parlamentarzinhos





Senhor/Senhora parlamentar,


Acompanhei atentamente as sessões da comissão especial das 10 Medidas (23/nov) e do Plenário da Câmara (24/nov). Mesmo sem experiência na lide legislativa foi possível notar a diferença entre parlamentares idôneos – representantes do povo – e os representantes de si mesmos, de seus interesses escusos. Entenda essa carta a partir da posição em que o senhor(a) estiver; não quero generalizar nem ofender pessoas muito dignas que ocupam o nosso parlamento.

Na sessão da Câmara em 24/nov, a decisão pela votação simbólica deixou evidente a escolha preconcebida do Dep. Beto Mansur, como também a omissão dos maiores partidos – PT, PMDB, PSDB, DEM, PDT, PP, PR, PSD, PSB, PRB – todos em conluio usurpar e sonegar ao eleitor a transparência, representatividade e prestação de contas devidas.

Tudo isso tem um preço. Para os senhores e as senhoras pode ser pouco – talvez a reeleição – mas para a nação custará bem mais.

O Brasil passa por profunda crise econômica derivada de erros absurdos de administração e política fiscal, em muitos casos criminosos. Só com muito esforço e honestidade superaremos esse difícil momento, que a meu ver ainda durará alguns anos. A punição justa e rápida daqueles que roubaram a nação e a renúncia ao corporativismo (de classe, de carreira ou de poder – aqui incluo todos os cidadãos) são ingredientes necessários para a pacificação nacional e retomada do crescimento. Já as tentativas de fugir dessas verdades, de continuar mantendo os feudos dos mais-iguais do que os outros e o costume dos detentores do poder sacrificarem a verdade e o direito em favor da própria pele somente contribuirão para a permanência do Brasil como gigante adormecido, pais do futuro, terra de Macunaíma e das tenebrosas transações com afirmam a sabedoria popular e os poetas.

Tudo isso em um preço. Para os senhores e senhoras pode ser pouco, mas para o país custa muito mais.

Não é uma questão de “esquerda x direita, vermelho x amarelo, mortadela x coxinha” como disse Marcelo Rubens Paiva, “é moral e ética”. Não são ideias utópicas dos “meninos” de Curitiba. Não é a luta contra a corrupção como um fim em si mesmo. Do outro lado de sua mesa, de sua caneta, consciência e voto há pessoas desempregadas e desesperadas, há hospitais sucateados com milhares de óbitos desnecessários, há gerações de jovens que em lugar de estudarem linguagem e ciências aprendem a lei de Gérson, que o negócio é levar vantagem em tudo: se as autoridades roubam e nada acontece, não há razão para o trabalho e para a verdade; não há justiça debaixo de nosso céu, pensam eles.

A Comissão Especial por meio do relatório do Dep. Onyx Lorenzoni esquartejou, desidratou, escalpelou as 10 Medidas demandadas pelos eleitores. Depois, demagogicamente, votou unânime pela aprovação do cadáver-zumbi. Como se não bastasse tal encenação teatral, os caciques ainda queriam fazer novas intervenções, a serem declaradas em tempo de votação, às pressas, na surdina – ofendendo a democracia, o eleitor e os seus pares idôneos.

Os senhores podem e devem elaborar leis sobre os crimes de responsabilidade, rever questões sobre abuso de autoridade, regular super-salários e ritos processuais. Aliás, se estas questões são tão urgentes assim, já deviam tê-lo feito nesses dois anos de mandato. O que não podem é fazê-lo por oportunismo, legislando em causa própria, achando-se casta de semi-deuses inatingíveis à medida que tripudiam sobre a massa que imaginam ignara.

Se os parlamentarzinhos com o seus terninhos de Armani votarem alguma anistia para si mesmos, se os suspeitozinhos de Brasília tomarem qualquer ação contra os brasileiros de valor de Curitiba ou contra a Lava Jato, se os senadorzinhos multi-acusadinhos quiserem promover guerra de poderes e não se submeterem à lei que é para todos; aqueles de quem todo poder emana, segundo a Constituição, vão colocá-los em lugar merecido.

Aproveito-me das palavras de Sérgio Moro para concluir esse apelo aos senhores e às senhoras: “Tem-se esperança de que nossos representantes eleitos, zelosos de suas elevadas responsabilidades, não aprovarão medida dessa natureza. (24.11.2016)”.

  

Leia, Assine e Divulgue





Nenhum comentário:

Postar um comentário