O primeiro ponto a admitir é o
valor da democracia. Quem, como eu, se posicionou e votou contra a
continuidade batalhou democraticamente, perdeu democraticamente e deve admitir
a vitória dos então adversários, também, democraticamente.
Seja por dificuldade do candidato de oposição em entender os
anseios do povo ou em explicar-lhes os benefícios de suas propostas, ou pela
habilidade da situação para fazê-lo, na média, nos percentuais registrados nas
urnas, a população escolheu confiar mais um mandato ao PT e à Presidente Dilma. Isso é
democracia!
Ah, camarada, mas tem o clientelismo, os golpes
baixos, os recursos imorais e mentirosos da "democracia" do João
Santana. Tem o uso da máquina pública, as ameaças aos clientes dos programas
sociais, o terrorismo administrativo nos órgãos e empresas públicas. Tem o
futuro que provavelmente revelará uma degeneração crescente da economia, tem as
divulgações postergadas de indicadores ruins, dos aumentos e dos racionamentos
iminentes. Sim, tem tudo isso, e foi com base nessa realidade que a escolha foi
feita. Essas são algumas debilidades da nossa democracia!
Desprezar o voto do outro como menos
qualificado, evocar secessões - brasileiros de cá que são melhores
que brasileiros de lá - desmerecer, enfim aqueles que foram vitoriosos, são
reações que em nada contribuirão para a construção de um país melhor, de um
país para todos. Se as leio aqui e ali, nos posts de amigos, quero no máximo
entender que se trata de emoções de primeira hora, mal pensadas e pessimamente
elaboradas, que logo se renderão à realidade e à civilidade.
Continuo vendo perigo em uma hegemonia (não de
votos, mas de sucessão de mandatos) que agora alcançará os 16 anos. Continuo
achando que o PT usa meios para garantir um controle permanente que vão além
dos instrumentos éticos e democráticos. Continuo entendendo que o PT arquiteta
e apoia um movimento socialista supranacional que atenta contra os interesses
do Brasil e dos brasileiros. Gostaria que a decisão de nosso povo houvesse sido
diferente. Mas não foi. E isso é democracia!
Se o processo eleitoral serviu para você e eu,
amigo, aprendermos mais sobre a realidade nacional, sobre projetos
administrativos ou econômicos, sobre leis ou planos de ação e de participação
popular; se serviu para nos identificarmos com uma proposta de desenvolvimento
ou de governabilidade, juntemos tudo isso e comecemos a trabalhar para que um
dia seja realidade. Trabalhemos por mudanças na escola ou na empresa, trabalhemos
por mudanças no bairro ou no transporte. Associemo-nos a entidades de controle
social para acompanhar e fiscalizar as ações dos governantes. Associemo-nos a empreendimentos
de assistência e intervenção social para ajudar aos menos favorecidos na defesa
dos seus direitos, na garantia de suas necessidades básicas e na obtenção de
uma educação de qualidade.
Você é um brasileiro único quando detrás do
biombo aperta o teclado da urna e confere o seu voto; quando vota no candidato
vencedor ou no perdedor. Você é um brasileiro único, responsável e necessário quando
acorda cedo e sai de casa para trabalhar, estudar, ajudar os outros. Levante os
olhos e comprometa-se com o futuro. Hoje é segunda-feira, hoje é dia de continuarmos
sonhando e agindo para a construção de um país melhor.