Sérgio Cerqueira
11.11.2016
A Operação Lava Jato está se tornando
um autêntico Saci-Pererê. Em torno de 60 pessoas foram condenadas em 1ª
instância pelo Juiz Sérgio Moro, 90% são do mundo empresarial e somente 6
sentenciados são da ordem política (Pedro Correa, Luiz Argolo, André Vargas,
Delúbio, Vaccari e Dirceu).
Enquanto a
Lei está sendo cumprida para os “cidadãos
comuns”, o grupo político que se beneficia do Foro Especial por
Prerrogativa de Função – o foro privilegiado – está abrigado num misto de
burocracia do rito, sobrecarga de trabalho e certas relações de poder que vez por outra saltam à vista nos votos, prazos e em pedidos de vistas estratégicos do Supremo Tribunal
Federal, implicando, ao final, na mais crua e absoluta impunidade para os “cidadãos
de 1ª classe federal”.
Os
criminosos de Curitiba, de colarinho branco ou não, mentem, ocultam fatos,
apagam sistemas de controle de propina, coagem testemunhas, planejam fugas, mas
se apanhados com a boca na botija topam de frente com uma procuradoria arguta e
policiais federais diligentes que os colocam diante de um juiz especializado em
crimes de lavagem de dinheiro, zeloso em seu trabalho e extremamente rápido em
suas decisões.
Já os
acusados de Brasília, mestrados nas mesmas artimanhas de dissimulação e
engodo, agregam àquelas habilidades a indicação de “cabeças de ponte” para
cargos no governo e nos tribunais, a barganha de votos, o poder de propor e
votar leis para escaparem da justiça, e ainda, ironicamente, são cotidianamente
chamados e tratados como Vossas Excelências.
Alteração
de leis, 10 medidas contra a corrupção, fim do foro privilegiado são passos que
devem ser perseguidos com empenho. Porém nada disso prescinde o urgente tratamento do “estoque” de mais de duas centenas de ações e
investigações contra políticos nos tribunais superiores.
As
denúncias já presentes e as que se acrescentarão com as próximas delações
premiadas não permitem mais a espera por alterações legais. A nação demanda dos ilustres ministros da Suprema
Corte uma posição coletiva, não somente de sua Presidente, mas de todos, que
como um verdadeiro colegiado decide, diante de uma emergência, deixar de lado
divergências menores e assumir uma postura coesa e resoluta para cumprir
diligentemente uma de suas atribuições exclusivas, explicitada na Constituição.
Deve haver em nível infralegal, administrativo ou regimental, uma ação que, nos
limites da lei, permita ao STF cumprir a sua missão.
Senhores
ministros, essa tarefa está sobre a mesa de Vossas Excelências. Contamos com os
senhores e com as senhoras.
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* Assine petição por
um Mutirão no STF – bit.ly/mutirao-stf
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